domingo, 30 de agosto de 2009

A Arte como possibilidade de desenvolver potenciais

apresentada no Seminário de mesmo nome
Ação Comunitária do Espírito Santo – ACES em parceria com o Intituto C&A e a Fundação Otacílio Coser
Maria Célia Chaves Ribeiro
Vitória, 27 de agosto de 2009

Agradeço ao convite para participar do Seminário “A Arte como possibilidade de desenvolver potenciais”, promovido pela Ação Comunitária do Espírito Santo – ACES, em parceria com o Intituto C&A e a Fundação Otacílio Coser, bem como à indicação de Mara Perpétua, arte-educadora que tanto admiro.

É um prazer compartilhar dessa mesa com Moema, parceira em outros momentos e lugares, e com Maria Lívia, coordenadora de projetos da instigante ONG Humbiumbi.
Tentarei abordar os três aspectos que me foram solicitados, a trajetória profissional, os conceitos e visão dos autores que embasaram essa trajetória, e minha visão sobre como a Arte pode desenvolver potenciais dentro do que acredito e defendo.

Minha trajetória profissional é sinuosa e bifurcada. Tentarei ser concisa.
Iniciarei pela produção artística, para então falar das possibilidades do desenho de observação, passar pelo trabalho de formação continuada com professores no Museu de Arte do ES, fazer referência a uma experiência em desenvolvimento com deficientes visuais no setor Braille da Biblioteca Pública Estadual e terminar com propostas de intervenção de adolescentes infratores internos do IASES.
Pedagoga em meu primeiro curso universitário, após 25 anos de formada, o nascimento de minha filha temporã, reacendeu o desejo de cursar artes visuais que havia recalcado quando da 1ª opção profissional.
Formação artística
Iniciei produzindo gravuras em metal adotando técnicas tradicionais que subverti com experimentações que propiciassem maior liberdade gestual e que me levaram à adoção do desenho e à busca no teatro como um apoio de soltura corporal.
Sempre trabalhando com a figura humana, o referencial para a produção das imagens também foi ganhando liberdade.

Das fotos alheias inicialmente utilizadas como referência, migrei para as de minha autoria, depois para filmes do circuito, estancando cenas a partir de uma busca em câmera lenta das situações mais significativas. Posteriormente adotei registros em vídeo de situações em que estava envolvida, como festivais de arte e encontros em bares e festas com os colegas e professores do mestrado em estudos literários. Passei assim a realizar um diário visual, onde também registrava pensamentos/sensações em textos.

Nessa busca pela técnica, pela expressão e pela temática, o corpo, o olhar e as mãos repetiram, na diferença, forças com as quais entrei em contato, configurando-me em movimento. A vazão ao gesto e à grafia inscreveu além de gravuras e desenhos, signos construídos com imagens externas e internas que me possibilitaram visualizar afetos, produzir significados e aprofundar um relacionamento reflexivo com o mundo e comigo mesma.


O desenho de observação
Minha experiência como desenhista e como professora das disciplinas Desenho Artístico I e II no curso Design de Moda da Faculdade Novo Milênio, voltadas a habilitar os alunos a desenharem de observação o corpo humano adulto, fizeram-me pensar sobrepotencialidades dessa atividade para a construção de identidade e de reflexão sobre o mundo.

A ação de transcrever o visto devolve aos nossos sentidos a capacidade que possuem para compreender as coisas, desprezada pela cultura Ocidental.[1]

O desenho de observação envolve tanto a razão como a sensação/intuição. Ao analisamos a estrutura, as proporções do objeto e/ou da cena a nossa frente, e elaboramos um primeiro croqui estruturante, um mapa/estudo do visto, fazemos, sobretudo, uso da razão. Mas na etapa de entrega à transcrição das formas observadas para o papel, que somente percebemos de relance para “respeitarmos”, ainda que muitas vezes transgredindo, o croqui, nesse momento age prioritariamente a sensação/intuição. Nessa atividade somos como que a coisa observada, ela nos atravessa.

Esse duplo envolvimento, da razão e da sensação/intuição, muitas vezes ocorrendo em simultâneo, contribui para desfazer o divórcio na cultura Ocidental entre o conceito e a coisa percebida, restabelecendo a visão integrada de que nos fala Rudolf Arheim em seu livro Arte e Percepção Visual – Uma Psicologia da Visão Criadora.
Além disso o rastro de nossos gestos no papel traz também consigo sensações internas. Afloradas, liberadas, elas passam a nos pertencer na consciência, ainda que não revertidas em palavras.

Percebi também, enquanto orientava alunos nos desenhos de observação, que muitas vezes quando não se entregavam ao que estava a sua frente para ser desenhado, e olhavam mais para o papel onde grafavam do que para o objeto ou pessoa que deviam observar, acabavam por desenhar uma imagem interior, em geral simplificada. Por exemplo, se deviam desenhar um rosto a três quartos, acabavam por fazê-lo frontal.

Desenhar de observação enriquece o repertório imagético que temos. Propicia também conhecermos as sutilezas, as diferenças, encantarmo-nos com as sinuosidades, desprendermos de padrões estéticos impostos. O percurso minucioso do olhar sobre as formas remete ao tato, cria uma empatia com o visto. Por outro lado, a tomada de consciência da parcialidade do ponto de vista pode ser explorada para nos conscientizarmos a respeito das restrições de nossa percepção e concepção de mundo, tornando-nos mais tolerantes. Costumava brincar com meus alunos que se todos humanos desenhassem de observação e tomassem, a partir dessa atividade, ciência da parcialidade de nossos sensores voltados para o mundo, e das verdades que construímos sobre ele, os deuses alheios não seriam desrespeitados e não haveria tantas guerras.
Estou abordando a linguagem do desenho de observação como possibilidade tanto de desenvolver a visão integrada, como de gerar conhecimento daquilo que se desenha e de áreas de interesse e sensações internas de quem se envolve nessa atividade. Mas para que isso ocorra é preciso identidade com essa forma de expressão, bem como um grau de liberdade para escolher temáticas envolventes.

E ao tentar buscar conjugar esse discurso produzido a partir de uma experiência pessoal como desenhista e como professora, com uma intervenção voltada para “desenvolver potenciais de crianças e adolescentes, bem como experiências de fortalecimento do sistema de garantia de seus direitos”, fica claro a necessidade de articulação de instituições diversas para permitir que ações de cada uma, ainda que bem estruturadas, possam frutificar. Aliás, não é por acaso que nessa mesa estamos tratando de experiências realizadas em organizações governamentais e não governamentais, por exemplo.
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MAES - Formação continuada de professores de Artes no período de 2003 a 2007[2]
Passo agora a abordar as ações educativas desenvolvidas pelo MAES, em parceria com outras instituições, voltadas para a formação continuada de professores de Artes no período em que respondia pelo setor de ação educativa, de 2004 a 2007.

O MAES é o único museu público de arte do Espírito Santo, estado cujo circuito das artes se restringe praticamente à Grande Vitória. No período abordado essa situação era agravada tanto pela oferta de curso superior em artes visuais apenas pela UFES em seu campus de Vitória, como pela incipiência da produção e difusão de estudos sobre a arte contemporânea brasileira. Se tivemos uma alteração desse quadro com a criação do curso de artes à distância pela UFES, e com a produção de dissertações de mestrado e teses de doutorado que recentemente proliferaram no país, ainda convivemos com a defasagem de professores de artes que se formaram antes da inclusão de disciplinas que contemplam arte contemporânea no currículo da UFES, bem como com a prática de professores com formação em outras áreas de conhecimento administrando aulas de artes no ensino fundamental e médio.

Essa conjuntura aumentava a responsabilidade do MAES no sentido de desenvolver ações que contribuíssem para ampliar as oportunidades de professores de artes e de alunos, do ensino fundamental e médio para terem acesso a objetos de arte, estabelecerem uma interlocução sensível e pensante com os mesmos e produzirem objetos visuais. Essa foi a clientela que estabelecemos como prioritária na reabertura das ações de um museu, com apenas cinco anos de existência e ainda sem uma política de atuação traçada.

Um dos maiores desafios foi definir eixos orientadores de calendários anuais de mostras que buscassem cobrir lacunas do circuito das artes na Grande Vitória. Fecundado pelo ciclo de palestras COMO SER MAES[3] as exposições do museu passaram a ser planejadas anualmente, buscando contemplar tanto a arte contemporânea nacional e local como a produção histórica consagrada.
A primeira atividade relacionada à formação de professores aconteceu a partir de um convite realizado em 2004, pela colega de mesa Moema Rebouças, coordenadora do Pólo Arte na Escola de Vitória. Visava lançar o Pólo Arte na Escola em Vitória, distribuir e realizar oficinas apresentando e explorando possibilidades de uso do material didático arte br[4] em Vitória e nos 11 municípios sede das Superintendências Regionais de Ensino – SRE, da Secretaria da Educação do Espírito Santo – SEDU.

Iniciante como arte-educadora do MAES, com apenas duas exposições de percurso que reabriram o museu depois de um período desativado, fui pega de surpresa! Quem conhece Moema sabe, ela propõe já encaminhando, dando soluções, ágil e suave. Assim quando dei conta já estávamos fechando uma parceria envolvendo o Pólo Arte na Escola de Vitória, a UFES, o MAES e a SEDU através da Coordenadora do Núcleo de Currículo de Artes Plásticas, Mirtes Moreira.
Em abril de 2004 realizamos um coquetel de lançamento do Arte na Escola em Vitória e do material didático arte br e abertura da exposição das duas obras contempladas no arte br: uma fotografia sem título de Sebastião Salgado do ensaio “A luta pela terra”, do acervo do MAES e “Salvai as nossas almas”, de Siron Franco doada na ocasião pelo artista. Oferecemos também 12 oficinas de quatro horas de duração, para professores de artes do ensino fundamental e médio dos Municípios da Grande Vitória, apresentando o kit arte br e suas possibilidades de uso, e distribuímos 210 exemplares para os professores participantes.


Em junho e julho desdobramos a atividade com o Projeto “O museu pega a estrada com o arte br” e percorremos os municípios de Afonso Cláudio, Barra de São Francisco, Cachoeiro do Itapemirim, Colatina, Guaçuí, Linhares, Nova Venécia e São Matheus, realizando a oficina e distribuindo kits para 200 professores de todos os municípios não pertencentes à Grande Vitória. Na ocasião divulgávamos o MAES e incentivávamos a visitação ao museu para que as obras em exposição inclusas no kit arte br fossem vistas. Várias escolas do interior atenderam ao convite.

Essa experiência bem sucedida veio de encontro à direção que a Secretaria de Cultura desejava imprimir ao MAES: ser um museu voltado para o Estado e não apenas circunscrito à Grande Vitória. Por outro lado nos fez perceber que se não tínhamos recurso para produzir material didático não nos faltava competência para distribuí-los.

Assim, quando em dezembro do mesmo ano a novembro de 2005 realizamos a Exposição Itinerante de Gravuras de Dionísio Del Santo na coleção do MAES, em parceria com a SEDU, através do núcleo de Currículo de Artes Plásticas, conseguimos o apoio do Itaú Cultural que doou 80 kits do material didático Caixa de Cultura Gravura. Além disso produzimos um folder contendo cópias das gravuras de Dionísio Del Santo presentes na exposição.

Esta ação voltada para a expansão das fronteiras do MAES, contou com dez reproduções fotográficas no tamanho original de gravuras (oito serigrafias e duas xilogravuras) de Dionísio Del Santo, artista capixaba cuja retrospectiva inaugurou o MAES em dezembro de 1998.

Em cada um dos onze municípios percorridos foi realizada a palestra “História da Gravura”, de quatro horas de duração e fartamente ilustrada, bem como ofertada a “Oficina Prática de Técnicas de Gravura”, com carga horária de dezesseis horas, realizadas e ministradas pelos professores Fernando Gómez, Maria das Graças Rangel e Júlio Tigre.


Cada município do Espírito Santo recebeu uma Caixa de Cultura Gravura que ficou sob a guarda de uma escola e disponível para empréstimo. Participaram das atividades 250 professores de todos os municípios do Espírito Santo, e mais de 3.000 pessoas visitaram as exposições. A divulgação do MAES no interior entre os professores do estado incentivou excursões de alunos para visitar suas exposições.

Em 2006 continuamos a parceria com a SEDU, porém em outro formato. A cada exposição do MAES realizávamos oficinas em Vitória, relacionadas à técnica e temática abrangidas contemplando conteúdos de artes e de outra área de conhecimento. Dessa forma buscávamos através da interdisciplinaridade conscientizar professores de outras disciplinas acerca da especificidade das artes visuais. Participavam das oficinas três profissionais de cada SRE: um professor de arte, outro de disciplina relacionada com o conteúdo da exposição e um técnico da Superintendência. Posteriormente eles reproduziam a oficina para professores dos municípios de suas Superintendências acompanhados por Mirtes Moreira, então responsável pelo núcleo de Currículo de Artes Plásticas da SEDU.

Colocamos em prática essa formação continuada em duas exposições do museu: “Universo do Cordel”, de curadoria de Franklin Espath Pedroso e PedroKarp Vasquez, aberta em 11 de abril de 2006, uma coletiva de poetas e xilogravadores de cordel; e “Camille Claudel – a sombra de Rodin”, de curadoria de Romaric Sulger Büel e de Reine-Marie Paris de La Chapelle, aberta em 30 de agosto de 2006, contendo obras de Camille Claudel, Auguste Rodin e Alfred Boucher.

Para a exposição “Universo do Cordel” foram ofertadas as oficinas de “Produção de texto”, com Paulo Roberto Sodré, professor Doutor do curso de Letras da UFES, de duração de oito horas e a de “Ilustração com técnicas de gravura” com Fernando Gómez Alvarez, Professor Mestre do curso de Artes Visuais da UFES, também com oito horas de duração.


Além disso os envolvidos na formação realizaram uma visita intermediada à exposição e participaram da palestra com J. Borges sobre a experiência do artista a respeito da produção e circulação de cordel no Brasil.

Onze professores de artes, onze de língua portuguesa e os onze responsáveis pelas Superintendências Regionais de Ensino do ES participaram da oficina. Ao final todos produziram cordéis escritos e ilustrados por eles próprios. O desdobramento da atividade nas escolas de origem surtiu muitos frutos tendo culminado em alguns com feiras públicas dos cordéis produzidos pelos alunos, como ocorreu em Cachoeiro de Itapemirim, por exemplo.

Por ocasião da exposição: “Camille Claudel – a sombra de Rodin” a formação continuada iniciou no primeiro dia com a Oficina de Modelagem em Argila, com artistas do Grupo Queima de Cerâmica, com oito horas de duração.


Na manhã seguinte o professor da UFES Attílio Colnago Filho ministrou a palestra ilustrada “A evolução histórica da apresentação da figura humana nas artes plásticas”, com quatro horas de duração. No turno da tarde a Professora mestre Patrizia Lovatti conduziu a “Oficina de matemática vinculada à arte, baseada na exposição Camille Claudel”, quando trabalhou questões como o cálculo do ponto de ouro, proporções do rosto e do corpo humano e cálculo de sua regularidade a partir de fotos dos alunos da oficina e das esculturas de Camille Claudel, dentre outras.
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Além disso os professores participaram da palestra “Paris 1900”, proferida por Romaric Sulger Büel, curador da exposição e realizaram uma visita intermediada à exposição.
Participaram dessa atividade onze professores de artes, onze de matemática e os onze responsáveis pelas Superintendências Regionais de Ensino do ES de diversos municípios do ES.


Oficina para deficientes visuais
A exposição “Camille Claudel” propiciou o contato tátil de deficientes visuais com as obras expostas. Essa experiência de inclusão cultural foi bem sucedida e emocionante.
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A pontualidade dessa ocorrência incomodou-me e gerou uma inquietação em busca de alternativas para viabilizar a participação de deficientes visuais em todas as exposições do MAES.


Como as obras de artes visuais são criadas para serem vistas, mesmo quando apelam a outros sentidos, como é comum na produção contemporânea, o desenvolvimento de uma proposta de inclusão de deficientes visuais a exposições supõe a compreensão do que seja a experiência visual dos videntes, de como ocorre a apreensão visual do mundo à frente do observador, e o entendimento dos mecanismos implícitos na transcrição de imagens “do mundo” tridimensional para suportes bidimensionais palpáveis a que denomino foto-de-recorte e foto-objeto.

Essa metodologia está sendo testada atualmente na Biblioteca Pública do ES em interlocução com cegos, com pessoas com déficit de visão e com Maria Joana de Souza, Bibliotecária responsável pelo Setor Braille.


O contato com os deficientes visuais que freqüentam o setor Braille da Biblioteca Pública retirou o chão de minhas certezas a respeito do primado da visão. A possibilidade de captar o mundo e vivenciar as relações entre humanos sem o assédio de imagens, sem o caos visual a que estamos submetidos fez-me sentir deficiente. Esse abalo reverteu umareação maternal, condolente, piegas que me era bastante comum quando em presença de deficientes: a de buscar dar amparo ao que se é frágil.

Fragilidade faz parte da vida, não é a toa que os “seres de sensação”, como nomeia Deleuze e Gattari os objetos de arte, enfrentam o caos, criam um finito que restitui o infinito. A relação com os “habitantes” do setor Braille fez-me devir-outra.
Antes de passar para o último tópico a ser abordado, retomo aqui à proposta do seminário: como a Arte pode desenvolver potenciais dentro do que acredito e defendo?
Para responder a essa questão cito uma palestra gravada pelo Itaú Cultural sobre arte contemporânea realizada por Celso Favaretto, filósofo e professor da Faculdade de Educação da USP.

Segundo ele, “uma experienciação da arte e sua diversidade podem levar a uma mutação na sensibilidade que faz com que a gente surpreenda significados surpreendentes onde normalmente só se vê repetição.”

Por ser simbólica, por gerar simbolismos, a arte nos permite viver no cotidiano “nossas próprias experiências de maneira diversificada”. A arte ensina a ver, ensina a sentir. (...) Ela “é essa experiência da delicadeza, das nuances. A percepção das nuances na arte, o sentimento das nuances na arte é uma espécie de treinamento, não consciente, para a percepção de outras coisas na vida.”

Complementaria com a sensação de alegria que essa abertura na percepção do mundo, gerada pela arte pode causar. Fernando Pessoa em um trecho de “O guardador de rebanhos”, de Alberto Caeiro, ilustra a busca pelo desvencilhamento do conceito parase entrar em relação com a coisa percebida:

Nem sempre consigo sentir o que sei que devo sentir.
O meu pensamento só
muito devagar atravessa o rio a nado
Porque lhe pesa a roupa (o fato) que os
homens o fizeram usar.
Procuro despir do que aprendi,
Procuro esquecer do
modo de lembrar que me ensinaram,
E raspar a tinta com que me pintaram os
sentidos
Desencaixotar as minhas emoções verdadeiras,
Desembrulhar-me e
ser eu, não Alberto Caeiro,
Mas um animal humano que a Natureza produziu.


Para abordar a questão da democracia cultural, termino essa comunicação divulgando algumas propostas de intervenções realizadas por internos do Instituto de Atendimento Sócio Educativo do Espírito Santo (IASES), resultado de oficina ministrada por Marcel Nascimento Rosa, estudante de Artes Visuais da UFES, sob a orientação de Erly Vieira Júnior e minha, por ocasião da Bienal do Mar promovida pela Prefeitura de Vitória através da Casa Porto das Artes.
Durante três sábados Marcel, mediador da Bienal que também desenvolvia um trabalho de oficina de informática com os adolescentes internos do IASES, levantou junto ao grupo (legalmente impossibilitado de ir ao local da exposição), uma série de discussões sobre o conceito central da Bienal, bem como a noção de intervenção urbana e o caráter interativo da arte contemporânea.

Ao final da oficina, os participantes criaram uma apresentação de slides em PowerPoint, na qual propunham idéias de intervenção urbana, de modo a fazer interagir o contexto em que vivem, e seus universos pessoais, marcados pelo imaginário da violência e da criminalidade, com a paisagem urbana do centro de Vitória e a sociedade em geral.




Notas

[1] ARNHEIM, Rudolf. Arte e percepção visual – Uma Psicologia da Visão Criadora. 8° Edição. São Paulo: Livraria pioneira Editora, 1994
[2] Secretária de Estado de Cultura do ES no período: Neusa Mendes; Diretores do MAES no período: Fabrício Coradello, Inah Durão e Rafaela Zanete.
3] COMO SER MAES, iniciado em setembro de 2004, trouxe ao estado nomes Moacir dos Anjo, Diretor do Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (MAMAM, Recife), Nilton Campos, Arquiteto e Urbanista, artista plástico, diretor de arte teatral, Coordenador de Artes Visuais, Coordenador do MARP - Museu de Arte de Ribeirão Preto, Fernando Cocchiarale Crítico de arte; professor de Estética do Departamento de Filosofia e do Curso de Especialização em História da Arte e Arquitetura do Brasil, PUC-Rio; e professor da EAV / Parque Lage, RJ. Em 2000, assumiu a curadoria do MAM- RJ, Guilherme Vergara Professor do Departamento de Arte da UFF e diretor da Divisão de Arte Educação do Museu de Arte Contemporânea de Niterói, Marília Panitz Coordenadora das ações educativas do Centro Cultural Banco do Brasil de Brasília, Milene Chiovatto Coordenadora da Área de Ação Educativa da Pinacoteca do Estado de São Paulo e artista plástica, Stela Barbieri Artista plástica, Diretora da Ação Educativa do Instituto Tomie Ohtake, dentre outros, para discutir temas "Como curar museus", "Acervo: Por que, De que, Para que, Para quem?", "O Público do Museu Público", etc.
[4] Autor: INSTITUTO ARTE NA ESCOLA Título: KIT ARTE BR : REDE ARTE NA ESCOLA
Notas: BBE. Realização, Arte na Escola, Instituto Arte na Escola. Créditos: texto, Eliana Braga Aloia Atihé ; produção, Trust Design & Multimídia ; coordenação geral, Instituto Arte na Escola ; patrocínio, Petrobrás. Conteúdo: Kit Arte Br (4 minutos, 43 segundos) -- Rede Arte na Escola ( 2 minutos, 42 segundos). VHS.
http://www.inep.gov.br/pesquisa/bbe-online/det.asp?cod=2143&type=OM

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